
O que fazer nas escolas? Estudantes propõem ideias e levantam o debate sobre as demandas da educação no Ensino Médio
Os últimos dois anos foram desafiadores, especialmente para estudantes de Ensino Médio de escolas públicas. Enfrentando a pandemia, precisaram lidar com a ausência da escola, dos afetos, a falta de acesso à internet, a necessidade de procurar trabalho frente a diminuição de renda de duas famílias, além de outras estruturas que a cultura escolar deve oferecer, como alimentação, acesso às aulas e contato com colegas e professores, cuidado e o ideal, uma educação de qualidade, composta pelo currículo, mas também pela participação e comprometimento da comunidade escolar.
A evasão escolar aumentou muito, principalmente entre estudantes do Ensino Médio, em 2014 52% de jovens entre 15 e 17 anos haviam deixado a escola. Em 2021, 407,4 mil jovens da mesma faixa etária pararam de frequentar a escola antes de ter completado o Ensino Médio, segundo os dados da PNAD Contínua de 2021. Além das muitas políticas para educação que tem sido instituídas de sem a participação democrática e a baixa do orçamento e do investimento na educação de maneira consecutiva, o estado das escolas e da estrutura que a educação oferece a juventude, tem sido parte das questões e desejos por mudanças na educação, na busca por uma educação de qualidade. Por isso, contar com vínculo, afeto e também com a coletividade para transformar os cenários das escolas, é um dos caminhos possíveis.
O edital público EM LUTA – Estudantes por um Ensino Médio de Qualidade! lançado pela Ação Educativa, o edital visa apoiar, fortalecer e valorizar iniciativas juvenis de escolas públicas de Ensino Médio e possibilitar a formação de uma rede de estudantes de diferentes localidades da cidade.
Com a retomada das aulas em formato presencial, voltar a articular os grupos e coletivos é um desafio maior. Assim, nos próximos meses, 10 iniciativas de estudantes de escolas públicas da região metropolitana de São Paulo e do interior serão acompanhadas pela equipe do Tô no Rumo, com apoio financeiro e técnico ao longo do ano.
Gênero, Racialidade, Memória, Comunicação e Saúde Mental são os temas das propostas dos grupos de estudantes.
Conheça agora um pouco mais de cada iniciativa:
Lute como uma garota
Disposta a combater a violência de gênero na escola, a proposta quer ampliar o diálogo e a conscientização entre estudantes, professores/as e funcionarias/os.
Diversidade e inclusão na prática: educação igualitária e de qualidade para todos
Com o desejo de conversar e sonhar sobre o futuro, a iniciativa pretende promover encontros e conversas com a juventude de sua escola, principalmente sobre como as identidades e a educação podem nutrir perspectivas de futuro.
Saúde Mental também é EDUCAÇÃO
Percebendo a dificuldade que estudantes e professoras/es têm ao lidar com situações e problemáticas de saúde mental, a proposta quer ampliar o entendimento e cuidado emocional.
Museu de Representatividade Negra
Valorizando a identidade e a imagem de pessoas negras de sua escola, a iniciativa quer documentar e criar uma memória que valorize a trajetória e a identidade de estudantes negros da escola, como um caminho para que outras e outros estudantes possam se reconhecer em sua própria comunidade.
Debate em Questão – Pensamento Popular Jovem
Pensando na importância de saber se expressar e de organizar as ideias e as opiniões, propõe a prática de debates para a juventude de sua escola, como uma habilidade necessária para inteligência emocional e também no desempenho profissional.
News Brotero
Com o desejo de colocar a voz de estudantes como protagonistas de sua escola, a iniciativa pretende criar um meio de comunicação que integre toda comunidade escolar, publicando oportunidades de aprendizado, troca de saberes, além de trazer uma visão crítica das políticas de educação e o combate a fake news.
Em Busca do Eu
Reconhecendo a dificuldade de se falar sobre identidade de gênero, racialidade e sexualidade para o fortalecimento da autoestima e para o autoconhecimento, a iniciativa pretende fortalecer esse diálogo com estudantes e com a comunidade escolar.
Empilhando o Mundo
Para valorizar as poéticas e as expressões artísticas das/dos estudantes, a iniciativa pretende realizar saraus e outras formas de dar visibilidade às produções da juventude da escola.
Black Girls
Para pensar sobre as representações da juventude negra, a iniciativa quer construir um grupo de leitura que aproxime as narrativas de personagens e autoras/es negros da elaboração das identidades e das possibilidades de futuro.
Abaixa a PEI
Com a intensão de envolver estudantes, famílias e professoras/es na escolha e no debate sobre os impactos das Políticas de Educação, a iniciativa visa dialogar e ter uma percepção crítica da implementação das escolas de ensino integral.
